30 novembro 2011

Wall Street dispara 4% na melhor sessão em dois anos


Acção conjunta dos bancos centrais mundiais para disponibilizar liquidez à banca do euro animou praças norte-americanas.
A acção concertada de seis bancos centrais mundiais, entre eles o Banco Central Europeu (BCE) e a Reserva Federal norte-americana, para salvar a zona euro caiu bem nos mercados accionistas. Os bancos centrais decidiram descer os juros nos empréstimos em euros à banca da região e evitar assim a falta de liquidez no sistema financeiro.
Foi neste contexto que o índice industrial Dow Jones somou 4,24% na melhor sessão em mais de dois anos. No mesmo sentido, também o tecnológico Nasdaq ganhou 4,17% e o S&P 500 avançou 4,17%.
"Eles têm de colocar lubrificante no motor", referiu James Mcdonald, especialista da Northern Trust Corp., à Bloomberg. "As acções têm estado sob pressão perante os medos de que os responsáveis políticos não irão reagir. Esta acção específica [dos bancos centrais] não é a solução final, mas indica a vontade em prevenir uma deslocação financeira significativa", acrescentou.
Além disso, a China decidiu hoje aliviar a sua política monetária, ao descer em 50 pontos base o rácio de reservas exigido aos bancos chineses, o que acontece pela primeira vez em três anos.
Em termos empresariais, foram os títulos do sector financeiro os que mais se destacaram. O Bank of America e o Citigroup ganharam 7,3% e 8,87%, respectivamente, ao mesmo tempo que o JPMorgan Chase e o Morgan Stanley subiram 8,44% e 11,82%.

29 novembro 2011

"Mercados vão continuar assustadores nos próximos anos"


Ausência de crescimento leva a que investidores tenham dificuldade em conseguir rentabilidades elevadas nos próximos tempos.

O gestor da PIMCO, Bill Gross, não está optimista para os mercados financeiros nos próximos anos. "Os mercados financeiros permanecerão nos próximos anos com retornos baixos e, frequentemente, assustadores", referiu o responsável pelo maior fundo de obrigações do mundo numa nota de investimento.

"Os investidores devem reconhecer que os problemas da Eurolândia são, por natureza, globais e seculares, reflectindo uma desalavancagem mundial que começou em 2008", avisa. E Gross reconhece que os problemas não se centram apenas no "Velho Continente": "Serão necessários anos até a Eurolândia, os EUA, o Japão e as nações desenvolvidas no seu todo conseguirem, de forma construtiva, escapar da sua sina de dívida elevada e crescimento baixo".

Esta perspectiva, a par das taxas directoras baixas estipuladas pelos bancos centrais para tentarem reanimar a economia, leva a que os retornos dos activos sejam abaixo das expectativas. "Quem conseguir retornos de 5% tanto em obrigações como em acções, deve considerar-se em melhor posição que os seus concorrentes", refere.

E mesmo para conseguir retornos modestos, o gestor entende que "deve-se enfatizar os activos de risco de economias em desenvolvimento em oposição às economias desenvolvidas". E exemplifica com activos do sector petrolífero e agrícola do Brasil e o sector do consumo na Ásia, mas sempre com atenção a potenciais bolhas de crédito.

Juros de Portugal e Itália em máximos


Investidores penalizam Portugal, Itália, Espanha e França no mercado de dívida e dão tréguas à Bélgica.

As obrigações do Tesouro de Portugal voltaram hoje a registar uma forte pressão vendedora dos investidores. Destaque para as obrigações a dez anos que voltaram a bater um novo recorde: não só a ‘yield' dos títulos ultrapassou os 13,461% no mercado ‘over the counter' (OTC - mercado onde são negociadas a maioria das obrigações), como o diferencial face à ‘yield' das obrigações alemãs a dez anos (‘bunds') cifrou-se nos 1.116 pontos base.

A pressão vendedora faz-se sentir também sobre a dívida italiana. A 'yield' das obrigações a 10 anos subiu até aos 7,383%, um máximo desde a criação do euro, a poucos minutos de Roma tentar levantar oito mil milhões de euros em dívida com maturidades em 2014, 2020 e 2022, arriscando-se a pagar uma taxa média ponderada acima dos 7%, a barreira que levou a Grécia, Irlanda e Portugal a pedir resgate.

Pelo mesmo caminho seguem os títulos de dívida de Espanha e França, com as 'yields' a subirem em todas as frentes, situando-se nos 6,588% e 3,652%, respectivamente.

Já as 'yields' da dívida da Bélgica aliviam na generalidade dos prazos. A taxa a dez anos está nos 5,536%. Isto apesar de os resultados de vários leilões de obrigações belgas realizados ontem terem revelado uma subida explosiva do custo de financiamento do país, face a emissões anteriores com as mesmas características. A Bélgica volta hoje a testar os mercados de dívida.

27 novembro 2011

The Economist: Euro pode colapsar "dentro de semanas"

Revista britânica dá apenas algumas de semanas de vida ao euro

"A crise na zona euro está a levar ao pânico. O risco de a moeda única se desintegrar dentro de semanas é alarmante", alerta a The Economist num artigo publicado este sábado.

A prestigiada revista sublinha que "mês após mês" a crise da zona euro alastrou "da periferia vulnerável da zona euro para os países 'core'", lembrando que primeiro foi a Grécia, depois a Irlanda e Portugal, e agora a Espanha e Itália".

Para agravar ainda mais a situação, diz a The Economist, "existem sinais de que a economia da zona euro está a caminhar para uma recessão, se é que já não está nessa situação", notando que a produção industrial na região caiu 6,4% em Setembro, o maior declínio desde Dezembro de 2008.

"Agora, é provável uma calamidade ainda maior. A intensificação das pressões financeiras aumenta as probabilidades de um 'default' desordeiro de um país, uma corrida aos depósitos dos bancos ou uma revolta contra a austeridade, que marcaria o início do fim da zona euro", acrescenta.

Num outro artigo, também publicado este sábado, intitulado 'É realmente o fim', a The Economist escreve que, "mesmo com a zona euro a caminhar inevitavelmente para um crash, a maioria dos cidadãos assume que, no final, os líderes tomarão medidas para salvar o euro".

A The Economist tece ainda duras criticas à forma como a chanceler alemã, Angela Merkel, e o Banco Central Europeu (BCE) têm gerido a crise. "A cautela da chanceler Angela Merkel pode ser implacavelmente eficiente na política, tal como testemunhado na forma como ajudou a puxar o tapete a Sílvio Berlusconi. Mas a crise de dívida é mais difícil de manipular. Juntamente com líderes de outros países, recusa-se a reconhecer a extensão do pânico nos mercados", pode ler-se no artigo. Por outro lado, continua a publicação, "o BCE rejeita a ideia de actuar como um financiador de último recurso para os governos em apuros, mas solventes".

Na opinião da revista, "a actual situação não pode continuar por muito mais tempo. Sem uma mudança dramática por parte do BCE e dos líderes políticos, a moeda única pode desintegrar-se dentro de semanas. Vários eventos, desde a falência de um grande banco ao colapso de um governo, podem causar a sua morte".

O artigo da The Economist surge numa altura em que a Itália está sob uma enorme pressão dos investidores, com as 'yields' a atingirem recordes no mercado não regulamentado ‘over the counter' (OTC), mesmo com o BCE a comprar dívida do país agora liderado por Mario Monti. Além disso, os custos de financiamento de Roma estão a disparar. Itália pagou um juro de 6,5% numa emissão de dívida a seis meses realizada na sexta-feira, quase o dobro face aos 3,535% registados no último leilão comparável, realizado há apenas um mês.

O porta-voz do Presidente francês admitiu hoje que a crise italiana representa uma ameaça para a zona euro. Isto depois de Nicolas Sarkozy e Angela Merkel terem alertado Mario Monti de que o colapso de Itália levará inevitavelmente ao fim do euro e a uma interrupção do processo de integração europeia com consequências imprevisíveis". O alerta de Berlim e Paris terá sido feito durante a mini-cimeira que reuniu na passada quinta-feira os três dirigentes em Estrasburgo (França), segundo um comunicado do Governo italiano publicado na sexta-feira após um conselho de ministros.

Também Espanha está à beira do resgate. A Reuters avançou na sexta-feira que Madrid estaria a ponderar pedir ajuda externa, uma informação que foi imediatamente desmentida pelo Governo espanhol.

23 novembro 2011

22 novembro 2011

Última Hora: USA Q3 GDP UP 2%

Espanha paga mais que a Grécia para emitir dívida

Mercados continuam a dar sinais de que a crise de dívida alastrou para o núcleo da zona euro.

A novidade da crise soberana na zona euro já não é a Grécia que, diariamente, continua a bater novos máximos. Hoje, por exemplo, as obrigações do Tesouro helénico estão a transaccionar no mercado ‘fora de balcão' (OTC) com um desconto de 71%.

O foco dos investidores tem vindo a alargar-se para outros países do Eurogrupo, como Espanha, França e Bélgica.

Hoje, por exemplo, Espanha testou o mercado obrigacionista pela primeira vez após a conquista da maioria absoluta por Rajoy, com a realização de dois leilões de dívida de curto prazo a três e seis meses que tiveram como resultado uma subida explosiva do preço conseguido.

No leilão a três meses, o Tesouro espanhol pagou 5,11% pela emissão de 2.012 milhões de euros, quando há um mês, numa emissão com características semelhantes, tinha pago 2,292%.

Mas não só: foi também um preço superior ao pago pela Grécia (4,63%) a 15 de Novembro numa emissão a 13 semanas, e acima do valor pago pelo Tesouro português numa emissão de bilhetes do Tesouro realizada a 16 de Novembro, que resultou numa taxa média ponderada de 4,895%.

No leilão a seis meses, Madrid pagou 5,227% pela emissão de 965,93 milhões de euros. Este valor compara com a taxa média ponderada de 3,302% conseguida há um mês numa emissão de características semelhantes. No mercado OTC (mercado não regulamentado onde são negociadas mais de 90% das obrigações), estes títulos estão a negociar com uma ‘yield' de 5,823%.

No mercado de dívida a 10 anos, os títulos mais pressionados no dia de hoje continuam a ser os gregos, que estão a disparar 61 pontos base para os 27,5%. Mas não estão sozinhos. No mesmo sentido seguem as obrigações belgas, que estão a ensaiar uma subida de 12,6 pontos base até aos 4,92%, os títulos franceses, que estão a subir 7,72 pontos base até aos 3,5%, e ainda as obrigações a 10 anos do Tesouro espanhol, que registam um aumento de 6,4 pontos base até aos 6,6%.

Esta pressão reflecte-se também no mercado de ‘credit default swps' (CDS - títulos que protegem os seus detentores de um eventual incumprimento do emitente obrigacionista), onde no topo dos três títulos que mais sobem figuram os CDS sobre as obrigações belgas e espanholas.

As obrigações a 10 anos de Portugal estão também a ser pressionadas pelos investidores, mas a registar uma subida ligeira de 0,76 pontos base e a cotar nos 10,9%.