22 novembro 2011

Espanha paga mais que a Grécia para emitir dívida

Mercados continuam a dar sinais de que a crise de dívida alastrou para o núcleo da zona euro.

A novidade da crise soberana na zona euro já não é a Grécia que, diariamente, continua a bater novos máximos. Hoje, por exemplo, as obrigações do Tesouro helénico estão a transaccionar no mercado ‘fora de balcão' (OTC) com um desconto de 71%.

O foco dos investidores tem vindo a alargar-se para outros países do Eurogrupo, como Espanha, França e Bélgica.

Hoje, por exemplo, Espanha testou o mercado obrigacionista pela primeira vez após a conquista da maioria absoluta por Rajoy, com a realização de dois leilões de dívida de curto prazo a três e seis meses que tiveram como resultado uma subida explosiva do preço conseguido.

No leilão a três meses, o Tesouro espanhol pagou 5,11% pela emissão de 2.012 milhões de euros, quando há um mês, numa emissão com características semelhantes, tinha pago 2,292%.

Mas não só: foi também um preço superior ao pago pela Grécia (4,63%) a 15 de Novembro numa emissão a 13 semanas, e acima do valor pago pelo Tesouro português numa emissão de bilhetes do Tesouro realizada a 16 de Novembro, que resultou numa taxa média ponderada de 4,895%.

No leilão a seis meses, Madrid pagou 5,227% pela emissão de 965,93 milhões de euros. Este valor compara com a taxa média ponderada de 3,302% conseguida há um mês numa emissão de características semelhantes. No mercado OTC (mercado não regulamentado onde são negociadas mais de 90% das obrigações), estes títulos estão a negociar com uma ‘yield' de 5,823%.

No mercado de dívida a 10 anos, os títulos mais pressionados no dia de hoje continuam a ser os gregos, que estão a disparar 61 pontos base para os 27,5%. Mas não estão sozinhos. No mesmo sentido seguem as obrigações belgas, que estão a ensaiar uma subida de 12,6 pontos base até aos 4,92%, os títulos franceses, que estão a subir 7,72 pontos base até aos 3,5%, e ainda as obrigações a 10 anos do Tesouro espanhol, que registam um aumento de 6,4 pontos base até aos 6,6%.

Esta pressão reflecte-se também no mercado de ‘credit default swps' (CDS - títulos que protegem os seus detentores de um eventual incumprimento do emitente obrigacionista), onde no topo dos três títulos que mais sobem figuram os CDS sobre as obrigações belgas e espanholas.

As obrigações a 10 anos de Portugal estão também a ser pressionadas pelos investidores, mas a registar uma subida ligeira de 0,76 pontos base e a cotar nos 10,9%.

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