Revista britânica dá apenas algumas de semanas de vida ao euro
"A crise na zona euro está a levar ao pânico. O risco de a moeda única se desintegrar dentro de semanas é alarmante", alerta a The Economist num artigo publicado este sábado.
A prestigiada revista sublinha que "mês após mês" a crise da zona euro alastrou "da periferia vulnerável da zona euro para os países 'core'", lembrando que primeiro foi a Grécia, depois a Irlanda e Portugal, e agora a Espanha e Itália".
Para agravar ainda mais a situação, diz a The Economist, "existem sinais de que a economia da zona euro está a caminhar para uma recessão, se é que já não está nessa situação", notando que a produção industrial na região caiu 6,4% em Setembro, o maior declínio desde Dezembro de 2008.
"Agora, é provável uma calamidade ainda maior. A intensificação das pressões financeiras aumenta as probabilidades de um 'default' desordeiro de um país, uma corrida aos depósitos dos bancos ou uma revolta contra a austeridade, que marcaria o início do fim da zona euro", acrescenta.
Num outro artigo, também publicado este sábado, intitulado 'É realmente o fim', a The Economist escreve que, "mesmo com a zona euro a caminhar inevitavelmente para um crash, a maioria dos cidadãos assume que, no final, os líderes tomarão medidas para salvar o euro".
A The Economist tece ainda duras criticas à forma como a chanceler alemã, Angela Merkel, e o Banco Central Europeu (BCE) têm gerido a crise. "A cautela da chanceler Angela Merkel pode ser implacavelmente eficiente na política, tal como testemunhado na forma como ajudou a puxar o tapete a Sílvio Berlusconi. Mas a crise de dívida é mais difícil de manipular. Juntamente com líderes de outros países, recusa-se a reconhecer a extensão do pânico nos mercados", pode ler-se no artigo. Por outro lado, continua a publicação, "o BCE rejeita a ideia de actuar como um financiador de último recurso para os governos em apuros, mas solventes".
Na opinião da revista, "a actual situação não pode continuar por muito mais tempo. Sem uma mudança dramática por parte do BCE e dos líderes políticos, a moeda única pode desintegrar-se dentro de semanas. Vários eventos, desde a falência de um grande banco ao colapso de um governo, podem causar a sua morte".
O artigo da The Economist surge numa altura em que a Itália está sob uma enorme pressão dos investidores, com as 'yields' a atingirem recordes no mercado não regulamentado ‘over the counter' (OTC), mesmo com o BCE a comprar dívida do país agora liderado por Mario Monti. Além disso, os custos de financiamento de Roma estão a disparar. Itália pagou um juro de 6,5% numa emissão de dívida a seis meses realizada na sexta-feira, quase o dobro face aos 3,535% registados no último leilão comparável, realizado há apenas um mês.
O porta-voz do Presidente francês admitiu hoje que a crise italiana representa uma ameaça para a zona euro. Isto depois de Nicolas Sarkozy e Angela Merkel terem alertado Mario Monti de que o colapso de Itália levará inevitavelmente ao fim do euro e a uma interrupção do processo de integração europeia com consequências imprevisíveis". O alerta de Berlim e Paris terá sido feito durante a mini-cimeira que reuniu na passada quinta-feira os três dirigentes em Estrasburgo (França), segundo um comunicado do Governo italiano publicado na sexta-feira após um conselho de ministros.
Também Espanha está à beira do resgate. A Reuters avançou na sexta-feira que Madrid estaria a ponderar pedir ajuda externa, uma informação que foi imediatamente desmentida pelo Governo espanhol.
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