03 dezembro 2011

Mercado do ouro


O preço do ouro duplicou desde o colapso da Lehman Brothers em Setembro de 2008.
Embora a procura de produtos de joalharia e de componentes tecnológicos continue em alta, este aumento deve-se sobretudo à procura de investimento no metal amarelo.
Este recrudescimento da procura do "metal seguro" tem sido fomentado por crescentes preocupações relativas às moedas dos países desenvolvidos e às pressões inflacionárias exercidas sobre os países emergentes. O ouro foi utilizado de forma semelhante para preservar a riqueza em 1980, altura em que os mercados se viram assolados por uma grande incerteza macroeconómica, que levou ao recrudescimento da procura de ouro, cujo preço chegou aos 850 dólares por onça, ou 2.473 dólares por onça em termos reais (contando com a inflação de preços ao consumidor e a cotação actual do dólar).
Desde o início da crise financeira global, os pequenos investidores e os investidores institucionais, bem como os bancos centrais, têm sido grandes compradores líquidos de ouro. A Europa, particularmente, tem experimentado um aumento exponencial da procura, que tem acompanhado o recrudescimento da crise da dívida soberana. Os dados do World Gold Council referentes ao terceiro trimestre mostram um aumento homólogo de 135% da procura de investimento em barras e moedas de ouro na região.
A procura de ouro também é elevada entre os governos de mercados emergentes, os quais procuram diversificar as suas reservas de moeda estrangeira para reagir à crescente pressão da dívida soberana. Por exemplo, a Tailândia adquiriu 25 toneladas de ouro só no terceiro trimestre, e outros países, como o Cazaquistão, a Coreia do Sul, a Índia e o México, também compraram quantidades significativas. Ao mesmo tempo, os bancos centrais europeus, revertendo uma longa tendência que tem marcado as suas vendas líquidas, perderam o entusiasmo pelas alienações de ouro. A curto e médio prazo é provável que o preço do ouro continue a ser influenciado pelas preocupações referentes à dívida soberana na Zona Euro e nos Estados Unidos e ao seu potencial impacto nas moedas e na inflação. Uma das melhores formas de tirar partido do preço crescente do ouro pode ser através de acções de ouro, as quais, nos últimos dois anos, tiveram um desempenho significativamente inferior ao do ouro em barra.
Há fortes motivos para as acções de ouro terem tido um desempenho inferior. Por um lado, os custos operacionais e de capital das empresas de ouro aumentaram de forma significativa. Por outro lado, os projectos de desenvolvimento têm-se debatido com problemas de licenciamento, e os países de acolhimento aumentaram os ‘royalties' e os impostos quando o preço do ouro subiu. A existência de ETFs de ouro como investimento alternativo também tem contribuído para o baixo desempenho das acções de ouro. No entanto, a capacidade normal das acções de ouro parece ter sofrido uma redução demasiado severa, e a dissociação do preço à vista pode proporcionar uma excelente oportunidade de compra. Quando o preço do ouro (e a volatilidade nos mercados accionistas) assentar um pouco, é provável que os investidores voltem novamente a sua atenção para as acções de ouro e para a respectiva rentabilidade e potencial de geração de fluxo de caixa e de fluxo de caixa livre.
Miguel Luzárraga, Senior Sales Executive do JPMorgan AM

Sem comentários: